O assunto "11/09/2001" já foi discutido ad infinitum por tudo quanto é tipo de mídia, mas pôxa, estou com insônia, idéias na cabeça e portanto resolvi postar assim mesmo. AFINAL O BLOG É MEU, BARALHO!!! Hehehehe.
[Fim do Aparte #1]Vamos lá: eu sou completamente viciado em enlatados norte-americanos, principalmente (mas não só) os de ficção científica. Graças às nossas amigas internets + um DVD Player que lê arquivos codificados em DivX com legendas, consigo acompanhar minhas séries preferidas no sofazão de casa com um atraso de no máximo uma semana em relação à transmissão nos EUA/Canadá. Aliás, isso me leva ao
[Aparte #2]Baixar episódios de sites de torrents é PIRATARIA, mas a porcaria da indústria americana não me deixa opção. Star trek Deep Space 9 por exemplo, uma de minhas séries favoritas, terminou de ser produzida em 1999 e até agora só lançaram 3 das 7 temporadas aqui no Brasil. Eles não conseguem avaliar o potencial de nosso mercado, fazer o que.
Além do fato supracitado, existe outro problema: a qualidade de um episódio ripado não chega aos pés da de um devidamente
masterizado autorado (agradeço a correção pelo camarada e mestre
Lampadinha) em estúdio para a venda.
Ou seja: por uma questão de ética e por ser colecionador, adquiro
todas as séries que baixo na Internet quando elas são lançadas em Terra Brasilis. Se não forem lançadas, paciência. Deixaram de vender pelo menos um Box.
[Fim do Aparte #2]Mas enfim, do que é que eu tava falando mesmo? o_O
Ah sim, do 11/09 e a Indústria de Entretenimento.
Muitas das séries que eu acompanhei foram pegas de calças curtas na época do atentado, e o pessimiso que baixou a moral dos americanos nos anos a seguir mudou radicalmente a direção de seus roteiros. Quer ver só alguns exemplos?
1) Star Trek Enterprise (veiculada entre 2001 e 2004).Quem me conhece das rodas trekkers sabe que esta foi a série que mais gostei até hoje. Justamente por ter ficado mais densa quando o atentado ocorreu. A Saga dos Xindi (que ocorre ao longo de toda a terceira temporada) é uma única história com começo, meio e fim, super amarrada, dramática e com um final que acertou todas as falhas das temporadas anteriores.
Um dos personagens que mais evoluiu foi a T`Pol, interpretada pela belíssima
Jolene Blalock.
T'Pol no começo da 3a. Temporada T'Pol no fim da 4a. Temporada Fala se não foi uma bela mudança de visual também. ;-)
2) 24 Horas (de 2001 até o presente)Este é o exemplo clássico do tanto que a indústria quanto os telespectadores gringos mudaram após a queda das torres gêmeas. O projeto inicial de "24" era ser sim uma série sobre uma unidade anti-terrorista, mas era para ter uma temática mais light. De novo os roteiristas foram pegos com as calças curtas, e tiveram que reescrever o final da 1a. temporada - que era feliz - transformando o desfecho em algo chocante e dramático.
Jack Bauer hoje é o símbolo do "ferimento que Osama Bin Laden fez no coração da América". Típico discurso deles...
3) Battlestar Galactica Original (1978-80) e Battlestar Galactica Reimaginada (2003 a 2008)Eu já falei que gosto de sci-fi? :-P
BSG original foi transmitida no final dos anos 70, tendo sido bolada por um dos grandes mestres dos enlatados da época,
Glen A. Larson. Falava sobre um grupo de humanos fugindo dos Cilônios, uma raça de robôs que tentou arrasar 12 planetas ocupados pelos então chamados "coloniais". O mote era descobrir o caminho para a décima-terceira colônia, "um planeta chamado... Terra".
Eu adorava a série. Os efeitos especiais eram fantásticos, os personagens deliciosos e a maioria das histórias cativante. Só que tinha aquele toque meio brega-infantil da época.
Infelizmente houve um problema de direitos autorais e a série teve de ser cancelada sem ter um final. Minto, houve uma tentativa de final. "BSG 80", onde eles chegam à Terra, mas foi uma produção péssima e também morta prematuramente.
Quanto a nBSG ("Nova BSG", ou "BSG Reimaginada"). Foi fruto de uma tentativa de
Richard Hatch (o Capitão Apollo, à esquerda na foto aí em cima) junto do Glen A. Larson de tentar continuar a série de onde parou. Mas o projeto foi mantido na gaveta, o atentado ocorreu, decidiram reativar o projeto só que MUITA coisa mudou.
nBSG foi dada à responsabilidade de
Ronald D. Moore, conhecido escritor dos episódios mais darks de duas séries de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração e Deep Space 9. Hatch foi mantido como um personagem recorrente, mas não tendo nada a ver com o anterior. Ele era - d'oh! - um TERRORISTA. E Larson foi mantido como um "consultor para assuntos aleatórios".
nBSG não tinha nada a ver com a série anterior. Os efeitos especiais foram revolucionários, OK; a trilha sonora, sublime (pesquisem por Bear McCreary - virei fã deste cara); o desempenho dos atores, fantástico (qualquer produtor adoraria ter Edward James Olmos e Mary McDonell em seu elenco).
Só que parou por aí. Foi-se a inocência e o maniqueísmo e o que vimos foi uma série muito mais dramática, militarizada, pessimista e violenta. Desta vez os Coloniais não eram os mocinhos nem os Cylons os bandidos. Ficou tudo misturado, coisa que eu não gostei MESMO.
Tenho sentimentos confusos sobre nBSG. Já ouvi muitas pessoas comentando ser uma produção que vai ficar pra história e que trouxe novos padrões para a forma de contar ficção-científica, mas eu sinceramente espero que não...
No fim das contas, Bin Laden pode ter transformado a indústria norte-americana de Entretenimento em ESTRISTECIMENTO, o que per se já seria um golpe maior que se ele detonasse várias bombas nucleares no território dos EUA.